terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Estudo da passagem Odiar os Pais – Estranha Moral

 

Odiar os pais

“Como nas suas pegadas caminhasse grande massa de povo, Jesus, voltando-se, disse-lhes: – Se alguém vem a mim e não odeia a seu pai e sua mãe, a sua mulher e a seus filhos, a seus irmãos e irmães, mesmo a sua própria vida, não pode ser meu discípulo. – E que quer que não carrega a sua cruz e me siga, não pode ser meu discípulo. – Assim aquele dentre vós que não renunciar a tudo o que tem não pode ser meu discípulo. (LUCAS, cap XIV. vv 25 a 27 e 33.)”

“Aquele que ama a seu pai ou a sua mãe, mais do que a mim, de mim não é digno, aquele que ama a seu filho ou a sua filha, mais do que a mim, de mim não é digno (MATEUS, cap X, v37)”

1. Existem alguns pontos que devem ser esclarecidos antes de iniciarmos nossos estudos sobre o tema apresentado:

  • No trecho de Lucas encontramos: “..não carrega a sua cruz e me siga..”, algo estranho para o Cristo dizer, afinal, como ele poderia falar de algo que ainda não ocorrera.
  • Como o “candidato” a discípulo deve carregar sua cruz, se ele mesmo na passagem ainda não havia carregado a dele?
  • Claramente vemos que Lucas, sucessor de Pedro e Paulo, descreveu a passagem em um momento de forte emoção e intuição,  após a morte de Jesus.
  • Daí a idéia clara que cada discípulo deve carregar sua cruz,
  • Outro ponto é o verbete “Odiar” . em Latim Non odit, kai ou misei em grego, significa amar menos.
  •  Em Hebraico antigo, do qual deve ter se servido Jesus, o diz ainda melhor; amar menos, não amar tanto quanto, igual a um outro.
  • Se formos mais a fundo, no dialeto siríaco, do qual se diz que Jesus usava mais freqüentemente, esse significado ainda mais acentuado no sentido de comparar o quanto se ama alguém em relação ao outro.
  • Logo, o verbete odiar não se refere  ao sentido de ódio como o entendemos na atualidade.
  • E mesmo que quiséssemos traduzir por odiar, iríamos de encontro ao caráter e a personalidade de Jesus. De duas uma: ou a palavra foi escrita de forma indevida,  ou a tradução não pode captar o seu verdadeiro significado. De qualquer forma, tomá-la como amar menos faz mais sentido e dá uma conotação mais racional.

2. Ampliando nossa visão de entendimento da passagem podemos associá-la a uma grande virtude: A Renúncia.

3. Neste caso, Jesus nos clama a renunciar ao nepotismo, a matéria, as relações que podem nos cercear para olhar para os céus, fazer o que precisa ser feito e não o que desejo que seja feito.

4. É muito difícil renunciar a desejos pessoais em prol das necessidades do Céu. E, ainda, afastar-se de desejos materiais, conforto, estabilidade, etc. em prol da Vontade Divina, que nos aponta  caminhos além de nossas restrições sensoriais.

5. Vemos, ainda, que Jesus realiza a comparação do amor material com o amor que devemos ter ao sermos um verdadeiro discípulo.

6. O amor material tem como origem o nascimento e as relações humanas. O amor espiritual tem como origem o despertar para as Verdades que transcendem o entendimento comum da Terra.

7. Na morte, o amor material se torna lembrança, saudade, dor. O amor espiritual se torna esperança, fé e doação.

8. Jesus nos conclama a este amor maior,  que transcende a existência, que ultrapassa os limites do corpo físico e aproxima as almas.

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